A inteligência artificial (IA) se tornou uma parte intrínseca do cotidiano da maioria das pessoas. Embora tenha sido utilizada por muitos anos em universidades e centros de pesquisa, atualmente sua influência transcende os limites dos laboratórios. Ela está presente em nossos celulares pessoais e na análise de dados em grandes empresas, expandindo seu alcance em diversos aspectos da sociedade. De acordo com o professor Fernando de Lima Caneppele, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, esse impacto também se estende à produção energética.
Caneppele destaca o trabalho do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas dos Estados Unidos (NCAR), que desenvolveu uma IA capaz de avaliar e prever a capacidade de geração de energia em parques eólicos no Estado do Colorado. Utilizando dados históricos de imagens meteorológicas provenientes de estações e satélites, essa IA consegue prever a geração de energia eólica com até 36 horas de antecedência. Isso permite às operadoras de energia elétrica um aprimoramento na gestão de seus contratos de compra e venda de energia, otimizando a infraestrutura de backup e reduzindo custos operacionais.
Outra tecnologia mencionada pelo professor tem melhorado a eficiência e confiabilidade de grandes empresas: a digital twin, em português “gêmeo digital”. Essa abordagem combina inteligência artificial, realidade aumentada, big data e computação avançada para criar uma réplica virtual de uma planta fabril real. Essa planta virtual é alimentada em tempo real com informações extraídas da planta física, permitindo monitoramento, detecção antecipada de falhas e aprimoramento dos processos industriais.
No Brasil, a Petrobras adotou essa tecnologia para criar um gêmeo digital da plataforma P-50, possibilitando o monitoramento remoto e virtual de sua operação. A Vale também utiliza essa abordagem para prevenir e monitorar a corrosão em suas instalações fabris.
É igualmente relevante destacar o papel da IA na promoção da sustentabilidade, uma área que, segundo Fernando Caneppele, terá um impacto significativo nas ações ambientais nos próximos anos. Um relatório intitulado Como a IA pode possibilitar um futuro sustentável, encomendado pela Microsoft, destaca que essa tecnologia poderá contribuir com US$ 5,2 trilhões para a economia mundial, reduzir as emissões de gases de efeito estufa em até 4% e criar 38,2 milhões de novos empregos globalmente até 2030.
(com Jornal de USP)
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