Em um estudo publicado na revista científica Frontier in Psychology, os pesquisadores demonstraram os benefícios do uso da telerreabilitação como opção de tratamento.
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A ideia de fazer o estudo surgiu no período de isolamento social, durante a pandemia de covid-19, quando os atendimentos não podiam acontecer de forma presencial e, por isso, muitos pacientes tiveram que interromper suas terapias. Antes da pandemia, os pesquisadores já usavam a realidade virtual como suporte para esses atendimentos, mas todos de forma presencial. Diante da dificuldade imposta pela quarentena, o grupo decidiu adaptar a terapia e testar seus efeitos por meio do atendimento virtual.
O metaverso é uma espécie de “nova realidade”, um espaço que integra os mundos – real e virtual por meio de dispositivos digitais – celulares, tablets ou computadores. Trata-se de um espaço coletivo e compartilhado, em que é possível identificar – por meio de um avatar – construções, cômodos, móveis, além de encontrar outras pessoas e conversar com elas de modo semelhante a se estivessem no mundo real. Nesse ambiente de realidade virtual também é possível socializar, jogar, aprender e colaborar.
O grupo é coordenado pelo professor Carlos Monteiro, do curso de Educação Física e Saúde da Universidade de São Paulo, que teve a ideia de fazer a adaptação do método e da plataforma para ser aplicado na casa dos pacientes, sem a presença do profissional de saúde (que acompanhava a terapia remotamente). Para isso, era preciso apenas ter um computador, tablet ou celular e acesso a uma internet com boa conexão.
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“Não precisa de óculos 3D nem de computador, o acesso pode ser feito no celular mesmo. Essa é uma maneira de reduzir custos e de disponibilizar a plataforma para pacientes de qualquer região do Brasil e de forma gratuita”, explicou Monteiro, que também coordena a página @metaverso.rehab, onde fala sobre várias pesquisas que estão sendo feitas sobre o tema.
Segundo Monteiro, o grupo desenvolve vários jogos para reabilitação e eles podem ser adaptados de acordo com a deficiência da pessoa. Nesse estudo, eles avaliaram especificamente os efeitos em pacientes com paralisia cerebral, mas o modelo pode ser aplicado em pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e síndrome de Down, por exemplo.
Como funciona?
Como a realidade virtual já era usada no atendimento presencial, o professor queria saber se a realização dos jogos por meio do atendimento à distância durante a pandemia aumentaria o nível de atividade física desses pacientes, que estavam em casa. Ao todo, 44 pessoas participaram do estudo, que foi realizado entre março e junho de 2020.
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Segundo Monteiro, um pesquisador guiava as atividades dos pacientes de maneira remota. Em casa, com o auxílio de um responsável, os participantes realizavam os jogos por meio da plataforma não imersiva e os seus níveis de atividades eram detectados e avaliados pela plataforma.
Os pacientes com paralisia cerebral podem ter alguns distúrbios motores associados a sensações, aprendizado e comunicação. Em um dos jogos, por exemplo, o participante entrava no metaverso e seu avatar precisava “tocar” bolinhas à medida em que elas apareciam no visor do computador. Esse “toque” era feito por meio dos movimentos das mãos do paciente e tudo era detectado e registrado pela câmera do computador/celular.
O objetivo da terapia, explicou Monteiro, era avaliar a percepção de esforço, cansaço e coordenação motora dos pacientes por meio da plataforma e de um questionário que usa uma escala baseada nas sensações sentidas durante o exercício, como fadiga muscular e aumento da frequência cardíaca e respiratória. O professor disse ainda que também foram analisadas a melhora (ou não) da performance motora, que foi medida pela precisão dos movimentos e o número de acertos e erros. Por último, o pesquisador avaliou a motivação e a satisfação dos participantes.
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Acesse o jogo de realidade virtual gratuitamente aqui
Os resultados demonstraram que a terapia remota com uso da realidade virtual auxiliou no engajamento e na melhoria de desempenho desses pacientes, além de estimular a prática de atividade física. Os pacientes também consideraram a atividade divertida. A vantagem desse método, diz Monteiro, é que ele não usa o metaverso imersivo (com óculos 3D, que custam muito mais caro). “Isso facilita e amplia a possibilidade de acesso às novas tecnologias em todo o país a um custo acessível”, disse.
O fator limitante, diz, é a falta de investimentos na área para melhorar a qualidade do acesso dos pacientes aos dispositivos eletrônicos. “Um par de óculos de realidade virtual custa em torno de R$ 3.000. Não teria como oferecer isso para os todos os pacientes. Mas a nossa plataforma é aberta e hoje temos cinco jogos disponíveis para qualquer pessoa”, afirmou o professor.
(Fonte Agência Einstein)
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