Um novo estudo da McKinsey expõe com profundidade os impactos da inteligência artificial (IA) sobre a indústria de semicondutores. Intitulado “Silicon Squeeze: AI’s Impact on the Semiconductor Industry“, o relatório revela como o crescimento explosivo da IA está reconfigurando a dinâmica de valor e competitividade do setor.
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Entre 2010 e 2019, o lucro econômico do setor saltou de US$ 38 bilhões (nos anos 2000) para US$ 450 bilhões. Com a chegada da IA generativa e o aumento da demanda por chips especializados, o lucro saltou novamente: foram US$ 473 bilhões entre 2020 e 2024. No entanto, esse crescimento está cada vez mais concentrado nas mãos de poucos: em 2024, os 5% maiores players — como Nvidia, TSMC, Broadcom e ASML — foram responsáveis por praticamente todo o lucro do setor, enquanto os demais 95% enfrentaram estagnação ou perdas.
O estudo mostra que, apesar de o setor aparentar ter se recuperado da crise entre 2022 e 2024, a realidade é mais dura para a maioria das empresas. Sem a influência da Nvidia, os sinais de recuperação desaparecem. Além disso, altos estoques persistem, e a competição com empresas chinesas se intensifica — a China saltou de 6% para 38% da receita global em equipamentos de semicondutores entre 2010 e 2024.
As perspectivas até 2030 são ambíguas: estima-se que o mercado possa alcançar US$ 1,3 trilhão, impulsionado pela IA. Porém, esse crescimento será desigual. Empresas com forte presença em IA poderão crescer até 29% ao ano, enquanto outras — sem presença significativa no setor — podem enfrentar crescimento inferior a 3% ao ano.
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O recado da McKinsey é claro: para prosperar, será necessário mais do que chips avançados. As empresas deverão reinventar modelos de negócio, diversificar portfólios, buscar adjacências e, principalmente, usar IA para transformar sua própria operação. O futuro da indústria não dependerá apenas da tecnologia que ela produz, mas da capacidade de usá-la internamente para inovar e sobreviver em um ambiente cada vez mais competitivo e volátil.
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