1. Inundações e doenças
À medida que a vida se torna mais difícil para os seres humanos, animais e plantas, as coisas ficarão mais fáceis para os organismos causadores de doenças. Mais de metade de todas as doenças conhecidas foram agravadas pela crise climática, afirmam os cientistas.
PUBLICIDADE
Num mundo em aquecimento, aumenta a probabilidade de surtos de doenças transmitidas pela água, como cólera, disenteria, hepatite A, febre tifóide e poliomielite. Elas se espalham quando as pessoas comem ou bebem algo que contêm partículas fecais infectadas, razão pela qual os surtos ocorrem frequentemente onde eventos climáticos extremos danificaram infraestruturas de saneamento básico.
Entre fevereiro e março deste ano, uma tempestade tropical deslocou milhões de pessoas em cinco países africanos. O ciclone Freddy percorreu Moçambique, Madagascar, Zimbabué e Maurícias. Os seus piores efeitos foram observados no Malawi, que já lutava contra um surto de cólera. O Malawi registou quase 59 mil casos de cólera e 1.768 mortes.
2. Mosquitos em marcha
O aumento das temperaturas e as inundações frequentes também abrem novos locais onde os insetos transmissores de doenças prosperam. Os mosquitos que transmitem os vírus que causam a dengue e a malária, por exemplo, têm mais poças de água para escolher onde colocar seus ovos.
PUBLICIDADE
As inundações podem criar novas poças de água parada e as secas podem reduzir os cursos de água a poças estagnadas. As pessoas também têm maior probabilidade de armazenar água durante as secas, criando criadouros ideais. As temperaturas mais altas aumentam ainda a taxa com que os mosquitos picam as pessoas e a eficácia com que os insetos espalham doenças, dizem os cientistas.
3. Contato humano-animal
Doenças já conhecidas estão se tornando mais perigosas, mas novas doenças também poderão surgir à medida que as pessoas sejam cada vez mais forçadas a viver em áreas onde existe vida selvagem. As doenças podem passar dos animais para os humanos. Estas enfermidades, como o Ebola e a Gripe Aviária, são chamadas “zoonoses”.
Os cientistas descobriram que a crise climática está ajudando a circular doenças entre espécies que antes não se encontravam. À medida que o planeta aquece, muitas espécies de animais são forçadas a mudar-se para novas áreas para encontrar condições adequadas de sobrevivência.
PUBLICIDADE
Estima-se que as zoonoses sejam responsáveis por 2,5 bilhões de casos de doenças humanas e 2,7 milhões de mortes em todo o mundo todos os anos, e que os animais desempenharam um papel importante em quase todos os grandes surtos de doenças desde 1970.
4. Eventos climáticos severos
Embora os governos estejam tomando medidas para melhorar a prevenção de fenômenos meteorológicos graves, nove em cada 10 mortes ligadas a catástrofes climáticas desde 1970 aconteceram em pequenas nações insulares e países em desenvolvimento em África, Ásia e América do Sul.
As inundações, as secas, os furacões e os incêndios florestais estão se tornando mais frequentes e colocando as pessoas vulneráveis em risco imediato.
PUBLICIDADE
5. O ar que respiramos
A poluição do ar tem sido associada a numerosos casos de câncer e doenças e estima-se que seja responsável por mais de 4 milhões de mortes prematuras em todo o mundo todos os anos.
Espera-se que a mudança nos padrões climáticos piore esta situação já ruim, à medida que mais poeira e fumaça de incêndios florestais são adicionadas à mistura. As crianças são especialmente propensas a adoecer devido à poluição do ar porque os seus cérebros, pulmões e outros órgãos ainda estão em desenvolvimento.
6. O custo psicológico
A deterioração ambiental tem um efeito nos sistemas econômicos e sociais que mantêm a sociedade produtiva e feliz, desencadeando uma espiral descendente de dificuldades psicológicas.
PUBLICIDADE
Pesquisas mostra, que incêndios florestais, inundações e ondas de calor podem causar ansiedade, depressão ou transtorno de estresse pós-traumático nos meses seguintes ao evento. A longo prazo, muitos adultos são resilientes a tais crises, mas as crianças têm maior probabilidade de transportar estes efeitos psicológicos para a idade adulta.
Em 2021, cientistas estabeleceram uma potencial ligação entre a exposição ao calor e a saúde mental, encontrando um aumento de 2,2% na mortalidade relacionada com a saúde mental por aumento de 1ºC na temperatura.
7. Água salgada
A água potável está ficando mais salgada. Uma razão para isso é que o nível do mar está subindo, transferindo mais água para os rios e outras fontes de água doce durante as cheias e tempestades tropicais.
Ingerir muito sal pode causar pressão alta (hipertensão). Com o tempo, essa condição danifica as veias, artérias e órgãos principais do corpo (incluindo o cérebro, o coração, os rins e os olhos), uma vez que, em geral, eles trabalham muito mais.
8. Insegurança alimentar
Secas e inundações mais frequentes e severas tornam mais difícil o cultivo de grãos, frutas e vegetais que as pessoas precisam para se manterem saudáveis. Os pequenos Estados insulares suportam o peso dos efeitos da crise, em parte porque a maioria das pessoas vive perto do nível do mar.
Como resultado, as pessoas que vivem numa das 39 pequenas nações insulares têm maior probabilidade de morrer de: câncer, diabetes, doenças cardíacas e doenças pulmonares.
9. O estresse do calor extremo
As temperaturas escaldantes deste ano bateram recordes na Europa, China e América do Norte. O calor é um dos efeitos mais perigosos da crise climática e a principal causa de mortes relacionadas com o clima nos EUA.
Uma das maneiras pelas quais o corpo humano se mantém fresco é suando, mas há limites para essa função. Quando fica muito quente, a temperatura do corpo aumenta mais rápido do que ele consegue esfriar, menos sangue flui para outros órgãos e os rins têm que trabalhar mais. Isso sobrecarrega o coração e pode levar à falência de órgãos. A insolação é a doença mais grave relacionada ao calor.
10. Milhões em movimento
É difícil prever exatamente quantas pessoas estarão em movimento devido à crise climática, mas os fenômenos meteorológicos extremos poderão piorar as condições para mais de 100 milhões de pessoas deslocadas em todo o mundo.
Muitas destas pessoas foram forçadas a mudar de país devido a conflitos e violência, mas o Centro de Monitorização de Deslocados Internos, uma ONG internacional, afirma que as catástrofes climáticas contribuem significativamente para o número crescente de pessoas deslocadas dentro dos seus próprios países. As inundações no Paquistão em 2022, por exemplo, fizeram com que 10 milhões de pessoas se deslocassem internamente, um número recorde de 71 milhões a nível mundial.
At risk: 10 ways the changing climate is creating a health emergency https://t.co/XN4MXh6xgU
— Guardian Environment (@guardianeco) November 16, 2023
Leia também: