COP27: o que você precisa saber da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas 2022

Em 2022, a Conferência do Clima da ONU (COP27) acontece em Sharm el-Sheikh, no Egito, em um cenário de eventos climáticos extremos em todo o mundo: uma crise de energia impulsionada pela guerra na Ucrânia e dados mostrando que o mundo não está fazendo o suficiente para combater as emissões de carbono e proteger o futuro do planeta. Mas você sabe o que é uma COP? O que é discutido lá e por que ela é tão importante? O Curto News te explica.

Publicado por
Isabella Caminoto

As COPs são as maiores e mais importantes conferências anuais relacionadas ao clima do planeta.

Em 1992, a Organização das Nações Unidas (ONU) organizou a ECO-92 no Rio de Janeiro. O evento marcou a adoção da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (Unfccc) – conhecida como a Convenção do Clima da ONU – e a agência que iria coordenar. Foi então que o Secretariado de Mudanças Climáticas da ONU foi implementado.

Neste tratado, as nações concordaram em “estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera para evitar interferências perigosas da atividade humana no sistema climático”. Até agora, 197 partes assinaram o documento.

Desde 1994, quando o tratado entrou em vigor, todos os anos a ONU vem reunindo quase todos os países do planeta para cúpulas climáticas globais ou “COPs”.

Mas você sabe o que significa COP?

COP é a sigla em inglês para Conferência das Partes, nome oficial dos órgãos responsáveis por tratados internacionais no âmbito da ONU.

Há alguns anos, o nome COP se refere à reunião anual em que se decidem os assuntos relacionados à Convenção do Clima da ONU.

A primeira reunião aconteceu em Berlim, na Alemanha, em 1995. O nome COP sempre vem acompanhado de um número que indica a edição. A conferência deste ano será a 27ª (não houve COP em 2020 por causa da pandemia).

Durante essas reuniões, as nações negociaram várias extensões do tratado original para estabelecer limites para as emissões de gases poluentes. Por exemplo, o Protocolo de Kyoto em 1997 e o Acordo de Paris adotado em 2015, no qual todos os países do mundo concordaram em intensificar os esforços para tentar limitar o aquecimento global a 1,5°C acima das temperaturas pré-industriais e aumentar o financiamento da ação climática.

Quando e onde será realizada a próxima edição?

A COP27 será realizada entre 6 e 22 de novembro de 2022 no resort de Sharm el-Sheik, no Egito.

Quem participa da COP?

O evento oficial conta com a participação de técnicos, diplomatas e autoridades nacionais, que são responsáveis pelas negociações e aprovações oficiais. Algumas organizações não-governamentais acompanham as discussões como “observadoras”.

Qual é a diferença da COP27 para outras COPs?

Na COP26, em Glasgow, os países concordaram em entregar compromissos mais fortes este ano, incluindo planos nacionais atualizados com metas mais ambiciosas. No entanto, apenas 23 dos 193 países apresentaram seus planos à ONU até agora.

Também houve muitas promessas feitas dentro e fora das salas de negociação em relação a compromissos net-zero, proteção de florestas e financiamento climático, entre muitas outras questões.

De acordo com a declaração de visão presidencial (*), a COP27 será sobre sair das negociações e “planejar a implementação” de todas essas promessas feitas.

Vídeo por: The Guardian

Quais serão os principais temas debatidos na COP27?

  • Mitigação: como os países estão reduzindo suas emissões?

Refere-se aos esforços para reduzir ou prevenir a emissão de gases de efeito estufa. A mitigação pode significar o uso de novas tecnologias e fontes de energia renováveis.

  • Adaptação: como os países vão se adaptar e ajudar outros a fazerem o mesmo?

A mudança climática está aí. Além de fazer todo o possível para reduzir as emissões e diminuir o ritmo do aquecimento global, os países também devem se adaptar às consequências climáticas para que possam proteger seus cidadãos.

A Presidência da COP27 espera que as nações capturem e avaliem seu progresso para aumentar a resiliência e ajudar as comunidades mais vulneráveis.

No ano passado, os países desenvolvidos concordaram em pelo menos dobrar o financiamento para adaptação, e muitas partes interessadas estão pedindo ainda mais.

  • Financiamento Climático: a estrela da vez

O financiamento climático será o tema principal da COP27. Países em desenvolvimento fazem um apelo aos países desenvolvidos para garantir apoio financeiro suficiente e adequado, particularmente aos mais vulneráveis.

Provavelmente muito será ouvido sobre a promessa anual de US$ 100 bilhões das nações desenvolvidas que não está sendo cumprida. Em 2009, em Copenhague, os países ricos se comprometeram com esse financiamento, mas os relatórios oficiais ainda mostram que essa meta está sendo perdida. Especialistas esperam que a COP27 realmente torne essa promessa uma realidade finalmente, em 2023.

  • Perdas e Danos: ponto de tensão entre os países ricos e pobres

Trata-se de exigir reparação financeira por prejuízos já sofridos por causa da mudança do clima, como migrações forçadas ou perdas de terras cultiváveis.

Outros temas também estão na agenda, tais como mercado de carbono e a guerra na Ucrânia.

(com informações ONU News)

O Brasil na COP27

O Brasil tem um papel muito importante a desempenhar este ano. Será uma oportunidade de começarmos a recuperar a credibilidade junto à comunidade internacional.

Diante dos recordes de desmatamento na Amazônia e do descaso do governo federal com a pauta ambiental e as políticas de mitigação das mudanças climáticas, a COP27 poderá servir como um “marco” – que mostrará ao mundo como o Brasil irá responder à crise climática que vivemos.

Vale lembrar que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, já confirmou presença no evento, falou que o Brasil “está pronto para retomar o protagonismo na luta contra a crise climática” e que o próximo governo vai “lutar pelo desmatamento zero na Amazônia”.

Acompanhe a cobertura do Curto News e fique por dentro de tudo que será discutido na COP27.

Curto curadoria:

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(🇬🇧): conteúdo em inglês

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Isabella Caminoto

Advogada e mestranda em Direito Internacional, tenho a democracia e a liberdade como bandeiras irrenunciáveis. Sou apaixonada pelos animais e acredito que o bem-estar do nosso planeta deveria ser o destaque diário da pauta da nossa sociedade.

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