Crise climática: orçamento para emissões de carbono é agora minúsculo, dizem cientistas

O orçamento de carbono é um conceito que se refere à quantidade total de emissões de gases de efeito estufa que podem ser liberadas na atmosfera antes que se atinja um determinado limite de temperatura global, com o objetivo de evitar os piores impactos das mudanças climáticas.

Neste caso, o limite de temperatura global é o imposto pelo Acordo de Paris. 

O novo valor, apurado pela análise, representa metade do orçamento estimado em 2020 que, nos atuais níveis de emissões, se esgotaria em seis anos.

O estudo concluiu que o orçamento de carbono restante – numa probabilidade de 50% de manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5ºC – é de cerca de 250 bilhões de toneladas. 

Prevê-se que as emissões globais atinjam este ano um recorde de cerca de 40 bilhões de toneladas. Então, para manter a possibilidade de 50% de um limite de 1,5ºC, as emissões teriam de cair para zero até 2034, muito mais rápido do que até mesmo os cenários mais radicais.

As principais razões pelas quais o orçamento diminuiu tão acentuadamente desde 2020 são as contínuas emissões elevadas, provenientes das atividades humanas, e uma melhor compreensão de como a redução da poluição atmosférica aumenta o aquecimento ao bloquear menos luz solar.

“O orçamento é tão pequeno e a urgência de uma ação significativa para limitar o aquecimento é tão alta, [que] a mensagem [do orçamento de carbono] é terrível“, disse um dos autores do estudo, o professor Joeri Rogelj, do Imperial College London.

A análise utilizou dados atualizados e melhorou a modelagem climática em comparação com outras estimativas recentes. 

O estudo também adotou os dados que mostram como a poluição atmosférica por aerossóis ajuda a limitar o aquecimento. Dessa forma, uma menor poluição no futuro significaria mais aquecimento global e, portanto, um orçamento menor de emissões de carbono para permanecer abaixo de 1,5ºC.

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