O presidente da China, Xi Jinping, fez nesta quinta-feira (15) um chamado para concluir um acordo que permita construir “uma comunidade de toda a vida na Terra” daqui até 2030.”Um ecossistema saudável é essencial para a prosperidade da civilização”, acrescentou Xi em uma mensagem de vídeo. A China é a anfitriã do encontro, junto com o Canadá.
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Cerca de 20 metas estão sendo negociadas com o objetivo de resgatar os ecossistemas, restaurar as terras degradadas e colocar 30% da Terra sob proteção.
Para isso, os 196 membros da Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB) da ONU devem chegar a um consenso sobre um “marco global de biodiversidade“, mas, por ora, persistem diferenças significativas entre os países ricos e os em desenvolvimento.
“Nenhum acordo será perfeito, mas é necessário garantir um acordo mundial sólido, que ponha fim à nossa guerra sem sentido e autodestrutiva contra a natureza”, afirmou Amina J. Mohammed, vice-secretária-geral da ONU.
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“O declínio das espécies não é inevitável. Não é um caminho sem saída. Podemos mudar o curso das coisas”, afirmou, por sua vez, o ministro do Meio Ambiente do Canadá, Steven Guilbeault.
Os cientistas advertem que devemos repensar urgentemente a nossa relação com a natureza, antes que a exploração e a depredação excessivas acabem confirmando o que alguns temem: a sexta extinção em massa da história do planeta.
Entretanto, como aconteceu há pouco menos de um mês na COP27 do clima em Sharm el-Sheikh, no Egito, o dinheiro monopoliza boa parte das discussões na cidade canadense.
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Discórdia
O tema da discórdia é a criação de um fundo para a biodiversidade, que apoie economicamente os esforços para cobrir as metas do pacto.
Dezenas de países, com Brasil na liderança, exigem “subvenções financeiras de pelo menos 100 bilhões de dólares anuais, ou 1% do PIB mundial, até 2030”. O número representa dez vezes a quantidade de ajuda atual, e tanto quanto o prometido para a luta contra o aquecimento global.
Mas os países ricos estão reticentes a comprometer novos montantes e defendem reformas nos mecanismos financeiros já existentes.
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Vontade política
No centro dos debates estão vários temas importantes: a proteção de 30% do espaço terrestre e do espaço marítimo mundial, um grande avanço em relação aos respectivos 17% e 8% atuais.
Também estão em debate a eliminação dos subsídios bilionários prejudiciais às espécies, o apoio à pesca e à agricultura sustentáveis, a redução dos pesticidas e o reflorestamento.
Mas todos os objetivos dependem, em alguma medida, de garantir mecanismos financeiros para consegui-los.
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“O grupo africano quer chegar a um acordo com o dinheiro sobre a mesa, outros países emergentes também, mas o Brasil está utilizando a questão financeira para inviabilizar o processo”, confidenciou um negociador ocidental.
Segundo a fonte, a delegação brasileira ainda segue as orientações do governo em fim de mandato do presidente Jair Bolsonaro, que apoia um agronegócio hostil à redução do uso de pesticidas.
Mas os países do Sul que se apresentam como ambientalmente ambiciosos também divulgaram sua mensagem: “Apesar de nossos esforços, estamos profundamente preocupados com a falta de um compromisso claro com a mobilização de recursos”, declarou o representante colombiano na reunião sobre a crise.
Ruptura total
A atitude dos países desenvolvidos “deixou as negociações à beira da ruptura total”, declarou na quarta-feira (14) Innocent Maloba, analista da ONG WWF International.
“Os países desenvolvidos, com seu papel eminente na crise da biodiversidade por seu nível de consumo, têm o dever de apoiar os países em desenvolvimento, é de seu próprio interesse”.
As necessidades são imensas: o custo de uma transição econômica capaz de proteger a natureza é calculado em quase 900 bilhões de dólares por ano, 25% para a conservação das zonas protegidas e o restante para “ecologizar” a economia.
Zakri Abdul Hamid, fundador malaio do IPBES, o equivalente para a biodiversidade do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), alertou ontem os ministros: “O que falta aqui é vontade política e um consenso sincero sobre o que deve ser feito.”
(AFP)