☀️ Compromissos climáticos atuais permitiriam aquecimento global de até 2,6°C, alerta ONU
Os atuais compromissos dos países para reduzir as emissões de gases do efeito estufa deixam o mundo a caminho de um aquecimento global de 2,6 graus Celsius até o fim do século, alertou a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quinta-feira (27) – em um novo relatório (*) divulgado a poucos dias do início da COP27.
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Mas os Estados não cumprem os compromissos anunciados e a atual trajetória pode gerar um aquecimento ainda maior, de 2,8°C, de acordo com o relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
O relatório examina a diferença entre a poluição por dióxido de carbono (CO2), de acordo com os planos dos países para descarbonizar suas economias, e o que a ciência considera ser necessário para conter o aquecimento entre 1,5ºC e 2ºC em comparação com a era pré-industrial.
O texto destaca que para alcançar a meta de 1,5°C seria necessário reduzir em 45% as emissões na comparação com os níveis atuais.
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Ações concretas
No ano passado, durante a COP26 de Glasgow, os países assinaram um “pacto” para estimular o reforço a cada ano das contribuições em nível nacional. Mas a resposta foi “lamentavelmente insuficiente”, destaca o documento, segundo o qual apenas 24 países cumpriram o acordo.
“Nós caminhamos para uma catástrofe mundial”, advertiu o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que criticou a falta de ações concretas para lutar contra a mudança climática. “Os compromissos de neutralidade de carbono não valem nada sem planos, políticas e ações para apoiá-los”, afirmou.
O relatório do PNUMA afirma que os últimos compromissos anunciados pelos países, denominados “contribuições determinadas em nível nacional” (NDC), reduzirão as emissões em 5% até 2030 em relação à trajetória atual para os acordos feitos sem condições e em 10% para aqueles efetuados com condições de financiamento ou ações externas.
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Isto, em termos de aquecimento, implica que as contribuições sem condições “apresentam uma possibilidade de 66% de limitar o aquecimento a cerca de 2,6°C até o final do século”.
Considerando os compromissos que apresentam condições, o resultado é um pouco melhor, mas provocaria um aumento de 2,4°C, que continua muito acima dos objetivos do Acordo de Paris.
Quando são considerados os compromissos de “neutralidade de carbono” que vários países anunciaram recentemente, o aumento pode ser contido a 1,8ºC.
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“Oportunidade perdida”
“Mas esta perspectiva atualmente não é crível”, destacaram os especialistas no relatório, que aponta “divergências” entre as promessas e os resultados.
“Vemos uma recuperação completa nas emissões após a covid. É uma oportunidade perdida em termos de uso dos fundos de recuperação sem precedentes para acelerar uma transição verde”, afirmou à AFP Anne Olhoff, principal autora do relatório.
Leia também:
🍃 TotalEnergies anuncia empresa no Brasil para projetos eólicos
O grupo francês de petróleo e gás TotalEnergies anunciou, nesta quarta-feira (26), a criação de uma empresa conjunta com a brasileira Casa dos Ventos para projetos eólicos no país.
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A Casa dos Ventos (CDV) já explora energia eólica com uma capacidade de 700 megawatts, o que fará parte do portfólio da nova empresa.
Além disso, outros parques de geração de energia estão em construção para uma capacidade total de 1 gigawatt, assim como projetos em desenvolvimento “em estado avançado” para 2,8 gigawatts em energia eólica e 1,6 gigawatt em energia solar.
“Com a transação, a TotalEnergies assume um papel de protagonismo no mercado brasileiro das energias renováveis, um dos mercados liberalizados mais dinâmicos”, afirmou o CEO do grupo, Patrick Pouyanné.
O grupo Total prometeu ao adicionar “Energies” ao seu nome em 2021 que diversificaria sua produção de energia e alcançaria 100 gigawatts em energias renováveis até 2030, mas sua política para o meio ambiente permanece alvo de muitas críticas.
🌱 Agricultura triplica área de cultivo em 37 anos, diz MapBiomas
O MapBiomas divulgou o mais recente levantamento sobre ocupação do território brasileiro por atividades agrícolas e silvicultura feito a partir de imagens de satélite e classificação automatizada.
Em 2021, a agricultura ocupava 62 milhões de hectares – três vezes mais que os 19 milhões mapeados em 1985 pelo MapBiomas. Nesse período, a silvicultura passou de 1,5 milhão de hectares para quase 9 milhões de hectares mapeados em 2021 – uma expansão de 598% ao longo de 37 anos.
A quase totalidade da área cultivada no Brasil é de lavouras temporárias, como soja, arroz, cana-de-açúcar, algodão e outras culturas. Juntas, elas ocupam quase 60 milhões de hectares – extensão superior a de países como França e Espanha. A expansão nos últimos 37 anos foi de 3,3 vezes, passando de 18,3 milhões de hectares em 1985 para 59,9 milhões de hectares em 2021.
Houve um aumento de área de lavoura temporária principalmente em municípios do Cerrado e do Pampa, onde já existe uma consolidação de áreas agrícolas. No entanto, também houve um avanço no bioma Amazônia, abrangendo municípios dos estados do Amazonas, Rondônia, Acre, Roraima e Pará.
Confira o levantamento completo na página do MapBiomas.
E entenda o impacto das mudanças climáticas na agricultura:
(com AFP)
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