Créditos da imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O que é ‘gaslight’?

O dicionário norte-americano elegeu “gaslight” como a palavra do ano. O termo vem de uma prática negativa e foi muito utilizada em 2022. Vem que a gente explica o que significa o termo.

Este ano houve um aumento de 1.740% nas buscas pelo termo “gaslight” no site do dicionário norte-americano Merriam-Webster.

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Na definição consta: “manipular psicologicamente (uma pessoa) geralmente por um longo período de tempo para que a vítima questione a validade de seus próprios pensamentos, percepção da realidade ou memórias e experiências confusas, perda de confiança e auto-estima e dúvidas sobre seus próprios estabilidade emocional ou mental: sujeitar (alguém) a gaslighting“.

Reprodução: Merriam-Webster

No português, a tradução não é idêntica. Está ligada a uma violência psicológica sutil que causa instabilidade emocional. O abusador mente, distorce a realidade e manipula a vítima.

A palavra não se tornou famosa apenas para pessoas de língua inglesa. Aqui no Brasil, no início do ano ela também foi bastante utilizada no período do Big Brother Brasil (BBB).

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Arthur Aguiar, vencedor da edição, foi acusado de estar praticando gaslight. Em um dos jogos da discórdia, o tema ficou entre os cinco assuntos mais comentados do país.

Arthur foi acusado por Laís Caldas e outras mulheres da casa de diminuí-las durante diversas conversas. O tema ficou em alta, tiveram análises e muita polêmica.

Reprodução redes sociais

Sintomas de gaslighting ou manipulação emocional

A falta de confiança em si mesmo é uma das principais pistas de que você está sofrendo o gaslighting. “Perde a confiança, perde a autoestima e não tem mais o sentimento de autovalidação. Para ela ter validade, ela vai precisar desse olhar dessa pessoa que é o opressor”, avalia a psicóloga, defensora dos direitos das mulheres e deputada estadual Patrícia Bezerra.

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“A vítima caba acreditando que está ficando louca, porque, geralmente, são essas as colocações do opressor: ‘você está louca, eu não disse isso, eu nunca fiz isso”, exemplifica a psicóloga.

Segundo Patricia, geralmente, quem pratica o gaslight usa outras pessoas para desmerecer a vítima. “Vamos supor que a opinião da sua melhor amiga é muito importante pra você. Então, aquele homem diz: ´mas a sua melhor amiga também acha isso de você´. Assim, vai minando a sua autoconfiança e duvidando da sua capacidade”.

As mulheres são as mais afetadas

Segundo o Instituto Brasileiro de Neurodesenvolvimento (IBND), o gaslight pode ser praticado tanto por homens quanto por mulheres. Mas este comportamento normalmente vem da população masculina, devido ao machismo. 

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Para Patrícia Bezerra, o público mais afetado é “sem sombra de dúvida feminino”, com perfil de codependência.

Essa mulher com autoestima baixa fica mais sujeita a cair em uma relação abusiva de gaslight e costuma até construir uma família com seu algoz, segundo a psicóloga.

A vítima desse tipo de abusador psicológico pode ter na sua história situações que a levaram a um relacionamento abusivo. Pode ter sido falta de afeto na infância, ou o modelo recebido, isto é, primeiras relações afetivas que ela teve em casa.

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“Ela se sente familiarizada com aquele amor, que é muito parecido com o que recebeu por sua vida toda. Para essa pessoa, aquilo não é algo errado ou anormal, então ela não consegue enxergar o comportamento abusivo do outro”, explica Patricia.

Acabar com essa relação é essencial, mesmo com filhos envolvidos. “Romper essa relação não é importante só para a mulher, mas para os filhos, porque eles têm a oportunidade de estabelecer um novo padrão fora do relacionamento abusivo”, afirma a especialista.

Indenização na Justiça

O gaslight pode ser passível de indenização na esfera civil e crime na penal. (JUsBrasil)

Manipulação em si não é crime, mas se for praticado com a intenção de obter para si ou para outros vantagem indevida, pode haver o crime de estelionato, previsto no art. 171 do Código Penal.

Se a manipulação for feita com algum tipo de violência ou ameaça grave, pode ser configurada como crime de constrangimento ilegal ou de extorsão, previstos nos artigos 146 e 158.

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