Maioria no Brasil defende educação sexual e plurirreligiosa, diz DataFolha

Na opinião da maioria dos brasileiros, as escolas devem incluir em seu currículo o respeito à diversidade religiosa e temas como a pobreza, desigualdade social e educação sexual. É o que mostrou a pesquisa “Educação, Valores e Direitos” divulgada neste fim de semana pelo Data Folha e encomendada pelas organizações Cenpec e Ação Educativa.

Publicado por
João Caminoto

Em época de corrida eleitoral e escândalo que expôs um gabinete paralelo no Ministério da Educação comandado por pastores, levantamento do DataFolha mostrou que a maior parte dos brasileiros vai na contramão da militarização da Educação.

Os dados, divulgados neste fim de semana mostram que 70% confiam mais em civis do que em militares na coordenação de uma escola.  As entrevistas foram realizadas entre 8 e 15 março e a margem de erro é de dois pontos percentuais, para cima ou para baixo.

Sem moralismo

Para 73% dos entrevistados, a educação sexual deve ser parte obrigatória do cronograma escolar de crianças e adolescentes. O tema voltou ao debate após virem a público recentes casos de assédio sexual, estupro de vulnerável e outras violências contra mulheres no país. A pesquisa também aponta que 90% acreditam que a discussão sobre abuso sexual entre os alunos pode ajudá-los na prevenção contra os delitos. 

Desde 2017, em decorrência de pressão por parte de grupos conservadores, os termos “identidade de gênero” e “orientação sexual” foram excluídos da base nacional curricular. Outros termos e expressões também foram modificados. Para a ala conservadora, que considera “ideologia de gênero”, a educação sexual, “a inocência das crianças têm que ser respeitada em sala de aula”. 

Não à educação domiciliar

Pauta do governo Bolsonaro, o direito dos pais tirarem manterem a educação dos filhos dentro de casa e não na escola foi rejeitado por 78,5% dos entrevistados pela pesquisa. Em março de 2021, o chamado “homeschooling” havia sido apresentado como a única prioridade de Bolsonaro no Congresso Nacional para a Educação, representando uma de suas maiores bandeiras políticas.  

Política é mal vista

Apesar da abertura à temas de difícil penetração no campo conservadora, 53% disseram acreditar que professores devem evitar tocar em política em sala de aula. 73% dos entrevistados disseram nunca ter ouvido falar na Escola Sem Partido, grupo que exige o banimento de conteúdos político-partidários dentro da escola.  

Este post foi modificado pela última vez em 12 de julho de 2022 21:53

João Caminoto

Jornalista com mais de 30 anos de experiência, ocupei diversos cargos - desde repórter, passando por correspondente internacional até diretor de redação - em diversas casas, como o Estadão, Broadcast, Época, BBC, Veja e Folha. Me sinto privilegiado em ter abraçado essa profissão. Apaixonado pela minha família e pelo Corinthians.

Posts recentes

Language Tool: Corretor ortográfico inteligente impulsionado por IA

O Language Tool é uma extensão para navegador impulsionado por inteligência artificial (IA). A ferramenta…

6 de maio de 2024

Opinião: Web Summit e agenda de Inteligência Artificial

Glades Chuery Na segunda quinzena de abril de 2024, o Rio de Janeiro, que continua…

6 de maio de 2024

Fireflies.ai: Automatize e resuma relatórios de reuniões com IA

O Fireflies.ai é uma ferramenta impulsionada por inteligência artificial (IA) para transcrição automática de reuniões…

6 de maio de 2024

OpenAI amplia acesso à memória do ChatGPT: Personalização inteligente chega a mais usuários

A OpenAI expandiu o acesso ao recurso "Memória" do ChatGPT, permitindo que assinantes do ChatGPT…

5 de maio de 2024

Grok: Resumos de notícias gerados por IA no X

A partir de agora, o Grok, chatbot de inteligência artificial (IA) do X, vai trazer…

5 de maio de 2024

IA descobre mais de 27 mil asteroides ignorados por telescópios

Mais de 27.000 asteroides em nosso sistema solar haviam sido negligenciados em imagens de telescópios…

5 de maio de 2024