Tem gente que torce o nariz para pesquisas eleitorais, argumentando que o resultado das eleições pode ser diferente do que apontam os levantamentos. Você sabe por que as pesquisas são importantes e como funcionam? O Curto te explica.
Todo ano de eleição há quem publique notícias falsas ou plante dúvidas sobre a importância da pesquisa eleitoral. E tem gente que questiona se as pesquisas são relevantes, já que, não raro, o resultado das urnas pode ser diferente do que os levantamentos apontavam. Isso, de fato, pode acontecer. Mas é importante lembrar: os dados que aparecem nas pesquisas de intenção de voto são como uma fotografia de momento, mostram quem está na frente e apontam tendências de queda ou crescimento.
Este vídeo do Politize! explica o sentido de uma pesquisa pré-eleitoral:
Portanto, as pesquisas de intenção de voto não têm o poder de prever o resultado da eleição, apenas mostrar caminhos e tendências. Tudo pode mudar diante de fatos novos, em semanas, dias e até horas. Quem tinha intenção de votar em X decide, na última hora, votar em Y? E as próprias pesquisas podem influenciar essa mudança de pensamento, portanto, elas são parte importante no cenário eleitoral.
As pesquisas avaliam as intenções de votos para a próxima eleição e servem como um termômetro para o eleitorado, já que, em alguns casos, o eleitor muda o voto de acordo com o candidato que está a frente nas pesquisas.
Esse fenômeno pode ser chamado de “voto útil”: o eleitor escolhe o candidato que pode derrotar aquele que ele não quer ver na cadeira de presidente (ou governador, prefeito, senador e até deputado).
Os levantamentos pré-eleição também servem como termômetro para os partidos políticos, que medem a popularidade de seus candidatos .
As pesquisas ainda ajudam a orientar os veículos de comunicação na escolha dos candidatos que vão participar de debates. Aqueles com menos de 1% de intenções de voto ficam de fora. É uma forma de otimizar o tempo do debate e concentrar as falas naqueles que estão com mais chances de ganhar. Por isso, os debates (TV, rádio e sites) costumam apresentar apenas os primeiros colocados nas pesquisas.
A margem de erro, também chamada de intervalo de confiança, é um cálculo matemático feito a partir da mostra existente na pesquisa (quantas pessoas foram ouvidas), para indicar se os resultados são mesmo um reflexo do que pensa a população total.
Como uma pesquisa não é feita em cima de valores absolutos e sim em estimativas (estatísticas), sempre haverá uma margem de erro. Ao definir o número de entrevistados, é possível identificar a margem de erro da pesquisa, quer dizer, o quanto aquele resultado está perto ou longe do real.
Os índices padrão no mercado são 2 pontos percentuais de margem de erro com 95% de nível de confiança. Isto é, se a pesquisa for repetida 100 vezes, em 95 delas os resultados estarão dentro da variação de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
A margem de erro das pesquisas é frequentemente origem de memes na internet
Geralmente, as pesquisas são encomendadas por grandes instituições financeiras e têm um alto custo, entre R$100 mil e R$200 mil. Mas há também veículos de imprensa que financiam suas próprias pesquisas, como é o caso do Datafolha.
Depois de encomendar ao levantamento a um instituto de pesquisa e acertar o preço, a organização começa a selecionar as pessoas por classe, idade, gênero. Essa seleção é chamada de variável e a seleção acontece de forma aleatória, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se de uma amostragem da população brasileira.
O grupo pode variar entre cidades grandes, médias ou pequenas. Para esse tipo de pesquisa não existe um número exato de participantes, mas costuma ser entre 1 mil e 4 mil pessoas.
Os entrevistadores abordam cidadãos nas residências, nas ruas ou por telefone. Cerca de 20% dos entrevistados recebem um retorno dos pesquisadores para conferir se os dados passados estão corretos.
As enquetes realizadas nas redes sociais não servem como estatística. Em 2019, 82,7% da população tinha acesso a internet, mas nem todos tem acesso às redes sociais, segundo dados do IBGE. Nas enquetes realizadas pelas redes, o eleitor procura a pesquisa e o algoritmo o encaminha para as “enquetes” com as quais os usuários mais se identificam.
Ou seja, é mais provável que um eleitor de Lula, por exemplo, veja mais enquetes de páginas de esquerda do que um eleitor de Bolsonaro. Nas redes sociais, os usuários podem criar e votar por mais de uma conta e, por esse motivo, as enquetes podem ser manipuladas. Fique de olho!
Curto Curadoria:
Foto de destaque: Antônio Augusto/Ascom/TSE
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