O que é fascismo? Entenda por que ele surge no cenário global de vez em quando

Autoritarismo, nacionalismo, perseguição a opositores e controle da comunicação são algumas características do fascismo histórico. Governos de extrema-direita em países como Itália, Espanha, Portugal, Hungria e Croácia são exemplos de regimes fascistas que promoveram horrores com a desculpa de salvar a nação de crises profundas, aplicando o terror e a aniquilação de "inimigos do Estado". Mas esse movimento não está restrito ao passado, ao contrário: de tempos em tempos, ele aparece para assombrar as democracias. Mas você sabe identificar o que é fascismo? Vem que o Curto News te conta!

De acordo com o dicionário Significados, a palavra fascismo deriva do italiano fascio, que significa “feixe” e remete para uma “aliança” ou “federação” de pessoas que possuem um posicionamento político autoritário e anti-democrático.

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Ficou mundialmente conhecido pelo movimento da extrema-direita que surgiu na Itália, na década de 1910, e alcançou o poder do país na década de 1920, no período de profunda crise econômica após a Primeira Guerra Mundial e o temor do avanço do socialismo pelo mundo.

Bento Mussolini em marcha para tomar Roma. Imgem: Reprodução Instagram/historiadelfascismo

Além de Mussolini: o fascismo como ideologia

É difícil encontrar uma definição para o fascismo, já que o movimento ganha características específicas de cada país ou região onde surge, se adapta e cria “inimigos públicos” específico em cada sociedade.

 George Orwell, autor de livros consagrados, entre eles “O que é fascismo e outros ensaios”, afirma que “mesmo os grandes Estados fascistas diferem em boa medida um do outro em estrutura e em ideologia”. Ao mergulhar em textos e estudos sobre o assunto, chegamos a uma definição mais atual:

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Fascismo é um movimento social de massa, ultra conservador ligado à extrema-direita, que tem como gatilho crises profundas, sejam econômicas, políticas ou sociais, dentro de um regime capitalista.

“O fascismo é uma das forças políticas existentes no capitalismo. Não quer dizer que, necessariamente, toda crise do capitalismo vai desembocar no fascismo, mas ele é sempre uma possibilidade”, explica a Professora de História Contemporânea na Universidade Federal Fluminense, Tatiana Silva Poggi de Figueiredo, com trabalho de doutorado sobre fascismo, neofascismo e expressões do neonazismo presentes na extrema direita.

Ela explica que o fascismo tem, em sua essência, a “desumanização do outro” e o extermínio de pessoas, grupos sociais ou setores, considerados inferiores e descartáveis.

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“Podem ser minorias ou determinados grupos sociais entendidos como descartáveis ou não bem-vindos. O fascismo vai desumanizando determinados setores sociais considerados indesejáveis. E aí, a partir daí, se constrói uma relação em que esse ‘outro’ ameaça como ‘eu sou’. A proposta passa a ser, então, eliminar esse outro.”

E esse outro pode ser LGBTQIA+, religiões de matriz africana, estrangeiros ou refugiados, judeus, negros, ou apenas seguidores de uma linha político-ideológica diferente da maioria. Em muitos países onde a onda fascista provou turbulências, o Comunismo foi – e ainda é – um “inimigo público”.

Imagem: Flickr

Características de regimes e/ou movimentos fascistas

  • Valorização do patriotismo ou nacionalismo e a defesa da segurança nacional
  • Perseguição a opositores do regime, extermínio de quem o ameaça
  • Culpabilização de grupos, etnias, setores, cidadãos ou ideologias específicas pela crise enfrentada
  • Censura e controle dos meios de comunicação.
  • Centralização do poder, normalmente, nas mãos de um líder messiânico
  • Presença forte do militarismo
  • Uso de conceitos religiosos ou religiões para controle e manipulação da sociedade
  • Desvalorização de qualquer forma artística

Onda fascista pelo mundo

Ilustração: Flickr

De acordo com a professora Tatiana Silva Poggi de Figueiredo, para entender o fascismo é preciso compreender que ele é um processo. “Podemos observar um projeto fascista, organizações fascistas, políticas com viés fascista, lideranças fascistas, antes de ser ter um regime fascista”.

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Hoje, na avaliação da especialista, não há regimes propriamente fascistas, mas algumas de lideranças fascistas.

“Nós temos organizações fascistas, temos projetos de políticos e projetos de sociedade que são fascistas. É assim que funciona o processo da construção social do fascismo. Mas o que eu estou querendo dizer é um regime pode nem mesmo se concretizar. O fascismo pode não chegar ao poder, mas estar presente na sociedade”, complementa.

Segundo Tatiana Poggi, há uma forte tendência mundial para discursos fascistas, atualmente, diante da crise social profunda: “a cultura do ódio, o cenário de indiferença social que se aprofunda bastante até um contexto social de desespero, de falta de perspectivas…desembocam em movimentos fascistas”, diz a estudiosa.

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“Isso abre caminho, sim, para crescimento do fascismo, para a emergência de lideranças autoritárias que vão apostar na transformação pela força – que vem desenvolvendo -, discursos eloquentes, nacionalistas, xenófobos, enfim, que vão defender determinadas coletividades que são quase que mitificadas e vão remeter a um passado mitificado, um passado glorioso. Esse cenário de intensa crise, abre caminho para para o fortalecimento de propostas fascistas”, explica a professora.

Regimes fascistas no passado

O pós guerra foi marcado pela ascensão do fascismo em diversos países europeus. Podemos lembrar o salazarismo, em Portugal, o franquismo, na Espanha, e outros regimes fascistas que surgiram na Croácia, Lituânia e Hungria, Aqui na América Latina a história conta sobre movimentos fascistas, o mais conhecido foi o peronismo, na Argentina. O site Mundo Educação explica alguns desses regimes:

Na Alemanha, o fascismo se estabeleceu logo após o fim da Primeira Guerra Mundial, assim como na Itália, e se caracterizou como um regime autoritário e aniquilador. Por ter características bem específicas e inimigos exclusivos – os judeus, majoritariamente – o regime por lá foi batizado de nazismo, que teve como principal líder Adolf Hitler. Veja ‘A linguagem do Terceiro Reich’ (Mundo Educação).

O fascismo também já esteve – e ainda está – presente no Brasil. Mas essa é uma história para outro “Curto News te explica”.

Filmes que falam sobre fascismo

  • A vida é bela
  • O menino do pijama listrado
  • A lista de Schindler
  • O leitor
  • A escolha de Sofia
  • Prelúdio de uma guerra
  • A onda

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